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Reserva de água doce no fundo do oceano é descoberta: o que já se sabe?

Publicado em 16/09/2025 Editoria: Internacional sem comentários Comente! Imprimir


Reserva de água doce no fundo do oceano é descoberta: o que já se sabe?

Expedição 501 pode ter localizado reserva de água doce maior do que o aquífero Ogallala, o maior dos EUA
Expedição 501 pode ter localizado reserva de água doce maior do que o aquífero Ogallala, o maior dos EUA Imagem: Reprodução/Facebook

Uma reserva de água doce no fundo do oceano que pode abastecer milhões de pessoas foi encontrada por um time de pesquisadores americanos, informou a agência AP na última semana. A equipe da Expedição 501 era liderada por geofísicos, oceanógrafos e cientistas ambientais da Colorado School of Mines, Universidade de Rhode Island e Universidade de Massachusetts em Boston.

O que aconteceu

Sinais de água doce haviam sido encontrados há quase 50 anos por navio do governo americano. A embarcação do Serviço Geológico dos EUA procurava por minerais e hidrocarbonetos como o metano (principal componente do gás natural) ao perfurar o fundo do mar de Nantucket em 1976, mas detectou a presença de água doce.

A Expedição 501 voltou durante este verão americano à península de Cape Cod, também em Massachusetts, para tentar localizar o aquífero de onde a água teria se originado há décadas. O projeto de cooperação internacional de cientistas, financiado pela Fundação Nacional de Ciência dos EUA e pelo Consórcio Europeu de Pesquisa de Perfuração do Oceano, esperava achar reservas que pudessem abastecer uma metrópole como Nova York por 800 anos.

Time se baseava em pistas de um mapeamento eletromagnético de 2015 que apontavam onde existiria um grande aquífero. A pesquisa da Woods Hole Oceanographic Institution e do Lamont-Doherty Earth Observatory da Universidade Columbia concluiu que ali poderia existir uma reserva que superava o maior aquífero do país, o Ogallala.

As evidências encontradas pela equipe a bordo do navio Liftboat Robert apontam para um aquífero ainda maior do que o previsto, que poderia se estender dos estados de Nova Jérsei a Maine. Água doce foi encontrada em profundidades maiores e menores do que o estimado anteriormente, o que indicou a maior capacidade de abastecimento do local.

Na chegada ao primeiro dos três pontos de perfuração no fim de maio, pesquisadores mediram a salinidade da água e encontraram apenas 4 partes para cada mil, uma concentração muito abaixo das 35 partes por mil geralmente achada no mar. No entanto, o índice ainda estava bem acima do padrão para a água doce no país: pouco menos de uma parte por mil.

Ao perfurar o fundo do oceano em outros pontos a cerca de 30 a 50 km da costa, cientistas começaram a encontrar água "tão doce ou mais" do que aquela que existe pelo resto do país. Ou seja, a quantidade de sal era menor do que uma parte por mil —o que a tornaria, teoricamente, apropriada para beber.

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Milhares de amostras da água doce, na reserva escondida debaixo da água salgada, foram colhidas pelos cientistas. Foram coletados quase 50 mil litros que agora estão espalhados por laboratórios no mundo inteiro em busca de pistas da origem do aquífero —se sua água viria de geleiras, sistemas subterrâneos de água interconectados por terra ou alguma combinação.

Investigação dos próximos meses deve indicar não só quais minerais existem ali, mas quais microrganismos vivem na região por meio de testes de DNA. Esta etapa é essencial para determinar se a água é segura para ser consumida ou usada de alguma outra forma.

Determinar qual é a "idade" da água também é fundamental para descobrir se o aquífero poderá ser explorado. Cientistas querem entender se a água veio de uma geleira, por exemplo, e é mais "antiga". Neste caso, a quantidade de água no reservatório é finita e pode acabar. Já se a água for mais "jovem", pode estar ligada a uma espécie de labirinto geológico com origem em terra firme —ou seja, o aquífero é reabastecido pela chuva, por exemplo, mesmo que em ritmo mais lento, o que libera o seu uso.

Mais análises também serão necessárias para entender se a exploração de aquíferos submarinos não vai destruir o equilíbrio de ecossistemas. Por exemplo, é possível que o seu uso faça "secar" reservas em terra firme, se interligadas. Além disso, o uso de reservatórios submarinos pode "roubar" nutrientes do fundo do mar e desequilibrar a vida dos seres marinhos.

O potencial, no entanto, pode ser enorme para o abastecimento em situações emergenciais. A ONU (Organização das Nações Unidas) estima que, daqui a cinco anos, a demanda por água doce vai superar os reservatórios existentes em 40%.

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A Expedição 501 é a primeira a buscar água doce no fundo do mar, perfurando por 400 metros para achar reservas. Ela pode abrir caminho para outras missões em locais como a Prince Edward Island, no Canadá; o Havaí, nos EUA, e Jacarta, na Indonésia —regiões que sofrem com a falta de água doce, mas teriam aquíferos sob o oceano.

É fato conhecido que este fenômeno existe tanto aqui quanto em outros lugares ao redor do mundo. Mas é um assunto que nunca foi diretamente investigado por nenhum projeto de pesquisa no passado.
Jez Everest, gerente de projeto da Expedição 501 e cientista do Serviço Geológico Britânico em Edimburgo, na Escócia, à agência Associated Press.

Todos os times de cientistas da Expedição 501 se reunirão novamente em seis meses na Alemanha. Por lá, realizarão um mês de pesquisas colaborativas em que devem chegar às primeiras conclusões sobre a idade e origem da água —e o seu verdadeiro potencial de exploração.

Fonte: noticias.uol.com.br

 

› FONTE: 24 Horas No Ar (24horasnoar.com.br)


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