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Bolsonaro: Moro tem compromisso com seu ego e não com o Brasil

Publicado em 25/04/2020 Editoria: Política sem comentários Comente! Imprimir


 

Presidente comentou pedido de demissão do ministro, anunciado nesta sexta após exoneração do chefe da PF, Maurício Valeixo, braço-direito do ex-juiz

Jair Bolsonaro comentou saída do ministro Sergio Moro

Jair Bolsonaro comentou saída do ministro Sergio Moro 

Ueslei Marcelino/Reuters - 20 04.2020

O presidente Jair Bolsonaro se pronunciou na tarde desta sexta-feira (24) sobre o pedido de demissão do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, ocorrido após a exoneração de Maurício Valeixo, chefe da Polícia Federal. Ele afirmou que o Moro condicionou a saída de Valeixo a uma indicação ao STF (Supremo Tribunal Federal) e disse que o ex-ministro "tem compromisso com seu ego e não com o Brasil".

Segundo o presidente, em uma conversa com Moro nesta quinta, o ainda ministro disse que poderia haver a troca de Valeixo sim, desde que, em novembro, seu nome fosse indicado ao STF. Bolsonaro disse que sua resposta foi reconhecer as qualidades do ex-ministro, porém negar a troca. "É desmoralizante para um presidente ouvir isso." A expectativa do presidente era definir, na conversa com Moro, o nome do substituto de Valeixo.

Bolsonaro disse que reclamava de não receber relatórios diários da PF. "Sempre falei pra ele, &39;Moro não tenho informações da PF. Tenho que todo dia ter um relatório do que acontece nas últimas 24 horas para bem decidir o futuro dessa nação&39;. Nunca pedi para ele o andamento de qualquer processo." 

 

Ego

 

O presidente começou seu discurso dizendo que "uma coisa é você admirar uma pessoa, a outra é conviver com ela, trabalhar com ela” e afirmando que o ex-ministro "tem compromisso consigo próprio, com seu ego e não com o Brasil". 

"Ao prezado ex-ministro. Como você disse na sua coletiva por três vezes que tinha uma biografia a zelar, eu digo que eu tenho o Brasil a zelar", disse Bolsonaro.

O presidente disse ainda que Valeixo dizia estar cansado do cargo e que, na quinta-feira, em uma videoconferência com 27 superintendentes da PF, disse que desde janeiro vinha falando com Moro que queria deixar a instituição. "Os superintendentes são prova disso", afirmou Bolsonaro. O presidente contou que conversou por telefone com Valeixo na noite de quinta e que ele concordou a exoneração. "Desculpe, senhor ministro, o senhor não vai me chamar de mentiroso", afirmou.

Bolsonaro disse que sempre deu liberdade a seus ministros, inclusive pra a nomeação de cargos chaves de cada pasta, No entanto, argumentou que é exclusivamente ao presidente que a lei confere a prerrogativa de nomear e exonerar os principais nomes de sua equipe. 

 

Verdade

 

No início da tarde, o presidente havia anunciado: “restabelecerei a verdade sobre a demissão a pedido do Sr. Valeixo, bem como do Sr. Sérgio Moro". Em pronunciamento no Ministério da Justiça e Segurança Pública esta manhã, Moro negou ter assinado o decreto de exoneração do chefe da PF e também disse que Valeixo não saiu a pedido, conforme consta no documento.

Leia também: Bolsonaro destaca que decisão de definir chefe da PF é do presidente

Braço-direito e homem de confiança do ex-juiz da Lava Jato, Valeixo teve sua exoneração publicada no Diário Oficial da União desta sexta em uma decisão que surpreendeu o agora ex-ministro. De acordo com Moro, a expectativa é que Valeixo fosse transferido para um posto de adido da corporação em Portugal.

Foi o próprio ex-ministro quem escolheu Valeixo para o comando da PF. Valeixo foi indicado ainda em novembro de 2018, durante a transição presidencial. Ele era superintendente da Polícia Federal no Paraná, onde, assim como Moro, atuou na Operação Lava Jato.

Veja também: &39;Presidente me quer fora do cargo&39;, diz Moro em pronunciamento

 

Entrevista de Moro

 

Na entrevista coletiva desta manhã, Moro diz que não se sentiu confortável com a decisão de Bolsonaro. Ele afirmou também que sempre houve uma preocupação da interferência do executivo nas investigações da operação Lava Jato e que "Valeixo fez um grande trabalho e foi garantida a autonomia da polícia federal".

O ex-ministro afirmou ter dito ao presidente que a indicação "seria uma interferência política e ele disse que seria mesmo". "[Bolsonaro] disse que queria ter uma pessoa do contato pessoal, que pudesse ligar, ter informações e não é o papel da PF prestar esse tipo de informações, o papel tem que ser preservado. Imagine se Dilma ou Luiz ficasse ligando para Curitiba para colher informações".

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Moro afirmou que, desde o segundo semestre do ano passado, "o presidente passou a insistir na troca do diretor-geral da PF". O agora ex-ministro disse ainda que "não é questão do nome, há outros delegados igualmente competentes. O grande problema é que haveria uma violação à promessa que me foi feita, de ter carta branca, não haveria causa e estaria havendo interferência política na PF, o que gera abalo na credibilidade".

Em agosto de 2019, o presidente disse que o diretor da PF era subordinado a ele e não a Moro, sinalizando que pretendia trocar o comando.  No começo deste ano, Bolsonaro afirmou disse que estudava a recriação do Ministério de Segurança Pública. Nos planos, estaria retirar do ministério os comandos de seus três principais órgãos: a Polícia Federal, o Depen (Departamento Penitenciário Nacional) e a PRF (Polícia Rodoviária Federal).

› FONTE: 24 Horas No Ar (24horasnoar.com.br)


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