Em chamas. O cenário de devastação que assolou o Pantanal em 2020 atraiu olhares de todo o país para um dos biomas mais ricos e diversos do planeta. Seja qual fosse a região e cidade próxima, os impactos foram gritantes à visão mesmo de quem estava de longe, em um ano atípico do ponto de vista climatológico.
O tempo seco além do normal tornou a vegetação pantaneira uma verdadeira bomba-relógio fora do controle das autoridades locais, que com ajuda do tempo e de árduo trabalho conseguiram ver a fauna e flora locais, tão castigadas, reviver meses depois.
Mesmo que a previsão para os próximos anos não aponte para um ano tão ruim como 2020, o Governo do Estado prepara um grande plano de contenção desses impactos, investindo R$ 56.629.750,39 em equipamentos, veículos e itens diversos para evitar que a tragédia vivenciada no ano passado se repita diante de nossos olhos.
"Tivemos um ano atípico nas áreas da saúde e climáticas, principalmente, e o nosso governo conseguiu enfrentar grandes desafios, como a questão dos incêndios florestais, onde criamos uma força-tarefa com o apoio de alguns estados e do governo federal", destacou o governador Reinaldo Azambuja(PSDB), recentemente.
O Plano de Trabalho de Combate a Incêndio Florestal da Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) e Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) detalha como serão investidos os R$ 56 milhões, que terão não apenas o Pantanal como foco, mas também o cerrado.
O maior saldo de investimento está na aquisição de viaturas, sejam camionetes, caminhões, ambulâncias ou mesmo lanchas para deslocamento nos rios do Estado, além de um avião que será o principal equipamento no trabalho de minimização de danos.
A aeronave, uma Air Tractor 802F, custa R$ 16,5 milhões, tem autonomia de 5 horas de voo e tem capacidade para 3 mil litros de água que é dispersada durante o voo sobre a área atingida pelas chamas - assim, podendo fazer o resfriamento do local e facilitando o combate. Em 2020, foi necessário ajuda de estados vizinhos.
Além disso, o plano já prevê 500 horas de voo, com gasto de R$ 5.900 cada uma delas - somando então R$ 2.950.000 para atender todo o Mato Grosso do Sul no período crítico de incêndios florestais, seja no Cerrado ou no Pantanal.
Agora, damos um passo à frente com a estruturação operacional da área de segurança para ganharmos mais eficiência no enfrentamento de situações extremas", explica o governador, ao falar do programa.
91 viaturas - Pelo ar, por terra e pela água. O investimento na aeronave vem acompanhando de uma grande estrutura - ao todo, são R$ 48,8 milhões, já com a Air Tractor na conta. Só em lanchas, são nove unidades por R$ 1,7 milhão. Quatro delas tem lanchas especiais, multifunção, custando R$ 300 mil cada.
Já para trabalho por terra, o Governo do Estado vai adquirir 37 camionetes adaptadas para o trabalho do Corpo de Bombeiros nessas situações, por R$ 6,8 milhões. Há ainda a previsão de compra de 13 caminhões tanque com capacidade de carregar milhares de litros de água e 12 caminhões auto bomba, com pressurização.
No caso dos auto tanques, o investimento será de R$ 5,2 milhões, enquanto os veículos com bombeamento devem sair por R$ 10,4 milhões. Dois outros veículos de transporte de tropas devem ser adquiridos por R$ 1 milhão, além de um ônibus, por R$ 730 mil.
Completam a lista de viaturas sete ambulâncias de resgate, por R$ 2,1 milhão, nove reboques de embarcações, por R$ 144 mil, e um caminhão tranque para transporte de combustível durante as operações, no valor de R$ 979 mil.
Tecnologia - Além de itens já tradicionais empregados no combate ao fogo, o Governo do Estado aposta também na tecnologia para atuar no monitoramento e controle dos incêndios em Mato Grosso do Sul. Tanto que, nesses R$ 56 milhões, estão previstos R$ 206 mil em drones 4k e HNCS. São 10 desses equipamentos.
Outros R$ 15 mil devem ser empregados para a compra de cinco notebooks, que vão auxiliar esse trabalho com drones, além de 30 comunicadores internos, avaliados em R$ 45 mil. O objetivo é aumentar a capacidade de resposta operacional dos bombeiros.
Mochilas especiais, mangueiras específicas para incêndios florestal, motobombas de diversos tipos para usos específicos, kits de trabalho, ferramentas básicas como pás, foices, facões e abafadores completam a lista que passa dos R$ 3,1 milhões.
Proteção - Outra parte essencial é a proteção dos bombeiros e brigadistas que vão atuar no combate às chamas. Os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) são indispensáveis na para garantir a segurança de todos os trabalhadores, recebendo investimento de R$ 3,9 milhões para compra de milhares de itens.
Um exemplo são os coturnos florestais, que somam 720 unidades adquiridas por R$ 705 mil. Calças e capa para incêndio somam R$ 1,8 milhão também por 720 unidades, além de capacetes, que somam 677 unidades, compradas por R$ 1,2 milhão.
Há ainda mochilas com refil para hidratação, perneiras, sacos de dormir, máscaras faciais, abafadores de ruído, lanternas de mão, lanternas de cabeça, balaclava, barracas individuais, garrafas de 5 litros entre os equipamentos.
Base em Corumbá - A base que vai centralizar a logística do combate aos incêndios florestais em Mato Grosso do Sul ficará no coração do Pantanal, a cidade de Corumbá. Foi escolhido o 3º Grupamento de Bombeiros Militar para receber melhorias com construção de alojamento e refeitório, cada um custando R$ 329 mil.
Por ora, a maior parte dos equipamentos e obras aguarda autorização para serem iniciados o processo de licitação e aquisição. A fonte dos recursos são, além dos cofres estaduais, emendas da bancada parlamentar em Brasília (DF), repasses de fundos federais e convênios firmados com entidades da União.
› FONTE: 24 Horas No Ar (24horasnoar.com.br)