Campanha de Trump anunciou hoje que vai pedir recontagem de votos em Wisconsin e Michigan Imagem: Mandel Ngan/AFP
O "cenário de pesadelo" que muitos analistas apontavam que poderia acontecer nas eleições americanas parece ficar cada vez mais provável.
Conforme as apurações avançam, fica evidente que uma verdadeira batalha judicial deve se iniciar nos próximos dias.
Os dois exemplos mais claros disso acontecem atualmente nos estados de Wisconsin e Michigan, onde a equipe do candidato republicano Donald Trump já disse que irá apelar às cortes.
Durante a tarde da quarta-feira (04), Bill Stepien, diretor da campanha de Trump, afirmou que pediu a imediata a recontagem dos votos em Wisconsin.
Com 99% dos votos apurados até o fechamento desta reportagem, a apuração no estado mostra que Biden teve a preferência de 1.630.389 eleitores (49,4% do total) ante 1.609.879 de votos destinados a Trump (48,8%). O resultado garante ao candidato democrata 10 votos no colégio eleitoral.
O argumento de Stepien se baseia numa lei de Wisconsin, que dá ao perdedor do pleito o direito de pedir esse pente fino quando o resultado tiver uma diferença menor que um ponto percentual.
Curiosamente, o mesmo cenário aconteceu nas eleições de 2016. Porém, naquela ocasião, Trump era o líder da apuração e classificou como "golpe" a tentativa da então candidata democrata Hillary Clinton de pedir a mesma recontagem.
À época, o processo de checagem da apuração aconteceu e reafirmou a vitória de Trump.
Se o pedido do estafe de Trump for aceito e a recontagem realmente acontecer, é provável que o resultado demore mais alguns dias para sair.
Eis outro estado que é palco de forte disputa entre democratas e republicanos.
De acordo com as últimas informações, Biden lidera a disputa com 2.684.200 votos (49,8% do total) ante 2.617.060 votos (48,6%) de Donald Trump. Cerca de 97% das urnas já foram apuradas até o momento.
Stepien também divulgou um comunicado a respeito desses resultados preliminares. O diretor da campanha de Trump anunciou uma ação para interromper a contagem. Suas alegações são de que sua equipe de observadores não obteve autorização para acompanhar a abertura das cédulas.
"Não recebemos acesso significativo aos locais de apuração na abertura das cédulas e no processo de contagem, como garantido pela lei de Michigan. Nós entramos com uma ação para paralisar o processo. Também pedimos a revisão das cédulas já contabilizadas", escreveram os organizadores da campanha num comunicado divulgado pelo Twitter.
Ainda nas primeiras horas da quarta-feira, Trump se declarou vencedor do pleito e disse que iria à Suprema Corte para contestar o que ele chamou de "fraudes".
"Isso é uma fraude para o público americano. Isso é uma vergonha. Nós íamos vencer essas eleições... Francamente nós vencemos as eleições", afirmou Trump em discurso na Casa Branca, televisionado às 4h20 no horário de Brasília.
O presidente, no entanto, não apresentou qualquer evidência sobre essas acusações.
Ainda há milhões de votos a serem processados para que os americanos (e o mundo) saibam qual foi o resultado final dessas eleições.
A estratégia do atual presidente já havia sido detalhada dias antes em diversas reportagens. O intuito é questionar os votos enviados pelos correios — espera-se que Biden seja o principal beneficiário dessa modalidade de votação, o que poderia até modificar o resultado final das eleições em alguns estados importantes no colégio eleitoral.
Nas últimas horas, usuários em redes sociais ligadas ao atual presidente continuaram a reforçar suspeitas sobre o processo eleitoral em andamento. As acusações, no entanto, não vêm acompanhadas de provas.
O @TeamTrump, por exemplo, que é a conta oficial da campanha do republicano à reeleição está postando vídeos e discursos de fiscais do partido republicano durante a apuração em Estados como a Pensilvânia, em que os resultados ainda não estão finalizados (a expectativa é que eles saiam somente na sexta-feira, 6 de novembro).
Na mesma conta, são várias as mensagens incentivando que apoiadores enviem denúncias sobre fraudes nos locais de votação. São disponibilizados diversos números de telefone para que o material seja encaminhado.
Enquanto isso, Biden parece acreditar em sua vitória. Ao longo do dia, ele divulgou diversas mensagens otimistas sobre suas chances de assumir a presidência dos Estados Unidos a partir de 2021.
"Estou confiante que sairemos vitoriosos, mas essa não será minha vitória ou nossa vitória [dos apoiadores]. Será uma vitória do povo americano, da nossa democracia, para a América", escreveu o candidato no Twitter.
Apesar do discurso, essa história parece estar longe de um final: milhões de votos ainda serão contabilizados e várias batalhas judiciais podem atrasar ainda mais o resultado definitivo.
› FONTE: 24 Horas No Ar (24horasnoar.com.br)