Donald Trump foi do céu ao inferno em poucas horas, à medida em que avançava a apuração dos votos nos Estados Unidos.
Primeiro, de madrugada, interrompeu a festa montada na Casa Branca para 250 pessoas, e proclamou solenemente:
Ao mesmo tempo, disse que pediria à Suprema Corte para congelar a contagem de votos, que naquele momento, às 4h35 desta quarta-feira, apontava a dianteira do democrata Joe Biden no colégio eleitoral, com 225 delegados, contra 213 de Trump.
"É um momento triste, mas é preciso garantir a integridade das eleições nos Estados Unidos".
Às três da tarde, quando o placar já era de 238 a 213 para Biden, a campanha de Trump anunciou que pediria a recontagem dos votos no Wisconsin, onde Biden liderava por pequena margem.
Em sucessivos tuítes, o presidente denunciou que os votos dele estavam "desaparecendo magicamente" e Biden "crescia de maneira muito estranha".
Sem apresentar nenhum caso concreto, nenhuma prova, apenas levantando suspeitas, Trump parecia repetir o vexame do brasileiro Aécio Neves durante a apuração dos votos da eleição presidencial de 2014,
Primeiro, o tucano comemorou a vitória em seu apartamento de Belo Horizonte, com amigos vindos de todo o país, liderados por Luciano Huck, quando a apuração dos votos ainda não havia terminado.
De repente, a festa foi interrompida, com o anúncio oficial da vitória de Dilma Rousseff. Nos dias seguintes, a campanha do presidenciável mineiro pediu ao Tribunal Superior Eleitoral a recontagem dos votos devido à "quantidade de dúvidas suscitadas, sobretudo nas redes sociais". Nenhuma irregularidade foi constatada.
Assim como Trump, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro também colocou em dúvida, um ano depois de vencer a eleição, a lisura do processo eleitoral em 2018. Prometeu apresentar provas, que até hoje não apareceram.
Ao contrário do que sempre falaram, que o Brasil imita os Estados Unidos, agora está parecendo o contrário, com o presidente da maior potência do mundo se apresentando como uma mistura de Aécio com Bolsonaro no baile de máscaras da Casa Branca, que lembra aquelas repúblicas bananeiras de antigamente.
Com o mundo em suspense, as esdrúxulas regras eleitorais dos Estados Unidos e o comportamento errático e atormentado de Trump podem prolongar a agonia por várias semanas, em disputas nos tribunais, se Biden não abrir uma vantagem incontestável, o que pode até acontecer ainda hoje, para desespero do governo brasileiro e dos seus devotos.
Nunca pensei que os Estados Unidos pudessem um dia ficar tão parecidos com o Brasil, no pior sentido. Mas pode ser por pouco tempo.
Neste momento, às 18h20, faltam apenas 17 votos para a vitória de Joe Biden (253 a 213).
Se isso se confirmar, o mundo poderá respirar aliviado. Há esperanças.
Vida que segue.
› FONTE: 24 Horas No Ar (24horasnoar.com.br)