Soldados sul e norte-coreanos fazem segurança na linha que faz fronteira entre as duas Coreias, na zona
desmilitarizada de Panmunjom, em foto de 2018 — Foto: Korea Summit Press Pool / AFP
O regime de Kim Jong-un na Coreia do Norte afirmou nesta
terça-feira (9) (horário local) que vai cortar todas as linhas diretas
com a Coreia do Sul a partir das 12h (0h, em Brasília).
De acordo com a agência estatal norte-coreana KCNA,
a medida é o primeiro passo para "desligar completamente
todos os meios de contato" com os vizinhos.
"Eles ousaram ferir a dignidade de nossa
liderança suprema e rir do núcleo mental
do nosso povo. Isso é um sinal de
hostilidade para toda nossa população", diz publicação da KCNA.
Segundo a agência Yonhap, da Coreia do Sul, representantes da
ditadura norte-coreana atenderam duas vezes a ligação pela linha
direta entre os dois países nesta segunda. A resposta levou as
autoridades do Sul a acreditarem que a tensão havia diminuído,
mas horas depois o regime de Kim confirmou que cortaria a
comunicação.
Hostilidade entre Sul e Norte
Imagem divulgada nesta segunda (8) pela KCNA mostra uma manifestação na Coreia do Norte contra a
Coreia do Sul e dissidentes norte-coreanos — Foto: KCNA via Reuters
O corte é mais um capítulo na nova escalada de hostilidades na
Península Coreana iniciada na semana passada, quando ativistas na
Coreia do Sul lançaram balões com panfletos contra a ditadura Kim na
direção do Norte.
A irmã do presidente norte-coreano, Kim Yo-jong, tem elevado o tom
em direção à Coreia do Sul e chamou o país vizinho de "inimigo".
"O trabalho em relação ao Sul deve ir
fortemente na direção de se tornar um trabalho contra um inimigo", disse.
Na quinta-feira, Kim Yo-jong ameaçou fechar o escritório de enlace transfronteiriço e quebrar o acordo militar assinado durante a
visita de Moon a Pyongyang em 2018.
O objetivo do pacto é aliviar as tensões na fronteira.
O líder norte-coreano Kim Jong-un e o presidente sul-coreano Moon Jae-in posam com suas esposas no
topo do Monte Paektu, em 2018 — Foto: Pyeongyang Press Corps / Pool / via Reuters
"Vamos, primeiro, retirar definitivamente o escritório inativo de ligação
norte-sul", disse um porta-voz do Departamento da Frente Norte-Norte, responsável pelas relações inter-coreanas, em um comunicado
divulgado ontem pela KCNA.
Autoridades sul-coreanas disseram que pressionariam para promover
uma lei proibindo o lançamento de folhetos, mas o anúncio provocou
debates sobre a possível violação da liberdade de expressão no país.