O dólar comercial, que no começo do ano baixou para R$ 4,90, subiu no segundo trimestre para R$ 5,50 e agora inverteu a chave novamente. No ano, acumula queda de 8,3%, apesar de ter fechado em alta nesta terça-feira (30), a R$ 5,11 na venda.
O que faz o dólar cair? São vários fatores, incluindo inflação em baixa, juros altos, recuperação após a pandemia e fluxo de dólares entrando no Brasil.
O Brasil, que já passou por momentos de inflação bastante alta, tem experiência em controlar a alta dos preços. Deu certo: o Banco Central brasileiro subiu os juros já no início do ano passado e foi um dos primeiros no mundo a fazer isso, enquanto muitos outros países atingidos pela inflação demoraram mais, diz Felipe Izac, sócio e chefe de câmbio da Nexgen Capital.
Em março de 2021, a Selic estava em 2% ao ano desde agosto de 2020. Foi a mínima histórica para a taxa básica de juros.
Mas a partir daquele mês, ela foi sendo reajustada para cima regularmente. Foram 12 correções até chegarmos em 13,75%, o patamar atual.
Outro motivo para queda do dólar é a inflação. Com a manobra do governo para retirar impostos dos combustíveis, houve impacto nos preços em geral, causando deflação, ou seja, inflação negativa. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) teve queda recorde de 0,73%, na prévia de agosto.
A alta no preço dos produtos básicos (as commodities), tanto os metais quanto os produtos agrícolas, também colaborou. O Brasil, sendo exportador desses produtos, ganhou mais com o preço mais alto. Com essas vendas em alta, mais dólares chegaram ao país, diz Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ourinvest.
A queda do dólar vai continuar? É difícil saber, principalmente por conta do período eleitoral. Com a campanha em andamento, a moeda americana tende a variar, subindo quando os candidatos falarem mais sobre aumento de gastos do governo.
Mas se os candidatos à presidência focarem em uma agenda de reformas e de austeridade fiscal, a moeda estrangeira tende a cair. "Diferentemente de outros anos eleitorais, o dólar está demorando mais desta vez para sofrer a influência das eleições", diz Izac.
Cristiane explica que, de um lado, algumas forças positivas seguram a queda do dólar, como a recuperação da economia após o fim do isolamento social, o fluxo de capital estrangeiro entrando no Brasil e as taxas de juros internacionais.
E nos EUA, qual é o cenário? No final de julho, o Banco Central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, subiu o juro americano em 0,75 ponto percentual. Mas essa alta já não vai mais afetar o dólar no futuro.
E é hora de investir em dólar? Os fatores que fazem o dólar cair, como a entrada de dólar estrangeiro, estão mais fortes atualmente do que os motivos que fazem a moeda estrangeira subir, que são as eleições.
"Enquanto os Estados Unidos e a Europa não subirem mais os juros, o dólar tende a cair por aqui. Porém, se eles voltarem a corrigir para cima as taxa, a coisa se inverte", diz Cristiane.
Se você vai viajar e quer comprar dólar, é uma boa hora para comprar. Mas a dica é fazer aquisições escalonadas: um pouco agora, outra quantidade se baixar mais. E assim por diante.
Caso a ideia seja investir em dólar, Izac acha que não é uma boa. As oscilações do preço aumentam muito o risco, e elas devem se ficar ainda maiores, o economista. Não há como saber se vai cair mais ou se vai subir.
"A única coisa que dá para prever é que vai ter oscilação de preço, por conta desses fatores: os juros internacionais, os produtos básicos, a recuperação das economias após a pandemia, o cenário de guerra e as próprias eleições", explica Cristiane.
Fonte: economia.uol.com.br
› FONTE: 24 Horas No Ar (24horasnoar.com.br)