Eleição nos EUA: entenda em que pé está e como será definida

Publicado em 05/11/2020 Editoria: Política

 

Eleição nos EUA: entenda em que pé está e como será definida

Jogo ainda pode virar, mas Biden está mais perto da Casa Branca: soma mais votos, há mais combinações possíveis para vitória e apuração de votos restantes aponta tendência favorável a ele; por outro lado, Trump tem chances de virar em dois Estados.

Dois dias após o início da apuração dos votos na eleição presidencial dos Estados Unidos, os resultados até agora apontam um cenário favorável para o candidato democrata Joe Biden, que está bem mais próximo da vitória que o presidente republicano Donald Trump. 

A disputa no entanto, ainda é acirrada.

Até a manhã de quinta-feira (5/11), Biden havia conquistado 253 votos no colégio eleitoral e Trump, 214. No sistema de votação indireta dos EUA, cada Estado tem um número de votos no Colégio Eleitoral mais ou menos proporcional ao tamanho de sua população, e para vencer a disputa presidencial é preciso somar pelo menos 270 votos. 

Apesar da liderança de Biden, o clima é de apreensão entre democratas e republicanos do país. A margem pequena ainda pode ser revertida por Trump, e o presidente americano contesta cada vez mais o resultado das urnas, com acusações sem provas e ações judiciais ? a exemplo do pedido de recontagem no Wisconsin, que põe em suspenso os 10 votos do Estado para Biden no Colégio Eleitoral. 

Entenda abaixo os dois principais pontos da disputa presidencial, que pode ser definida em horas, dias ou semanas. 

O que falta para definir o resultado e de que maneiras isso pode ocorrer

Por que a disputa pode ir parar nos tribunais e demorar meses para acabar 

Votos restantes

Biden está atualmente em vantagem na corrida para a Casa Branca por três grandes motivos. Primeiro, ele tem mais votos até agora. Segundo, há mais combinações possíveis para sua vitória. Terceiro, a apuração dos votos restantes aponta uma tendência de que a maioria dessas cédulas será favorável a ele. 

Mas por quê? Principalmente por causa do perfil do eleitorado das localidades ainda em aberto ? são condados mais populosos, que tendem a ser mais pró-Biden, e a maioria dos votos restantes foi enviada por correio, modalidade adotada em maior peso por eleitores de Biden, exceto no Arizona.

Até o início da manhã de 5/11, havia 71 votos do Colégio Eleitoral ainda em disputa em seis Estados: Alasca (3), Nevada (6), Arizona (11), Carolina do Norte (15), Geórgia (16) e Pensilvânia (20). 

O candidato que leva a maioria simples dos votos dos eleitores ganha no Estado e obtém, assim, todos os votos correspondentes no Colégio Eleitoral. 

Biden precisa de 17 votos para vencer e Trump, de 56. E por causa dessa dianteira, há mais possibilidade de vitória para o democrata.

Três cenários para a vitória de Biden

1. Se Biden mantiver a dianteira onde ele já lidera, como nos Estados de Nevada (6 votos no Colégio Eleitoral) e Arizona (11 votos), vence a eleição. A emissora Fox News e a agência de notícias Associated Press já declararam vitória de Biden no Arizona, mas outros veículos de imprensa ainda não fizeram essas projeções.

2. Como Biden já lidera atualmente nos dois Estados com menos votos em disputa, qualquer combinação de duas vitórias dele envolvendo os cinco Estados indefinidos leva a sua vitória.

3. Se Biden vencer apenas na Pensilvânia, que tem 20 votos no colégio eleitoral, ele é eleito. 

Um cenário para a vitória de Trump

1. Para se reeleger, o presidente americano precisa vencer em 4 dos 5 Estados indefinidos, sem poder abrir mão de ganhar na Pensilvânia. 

Onde o jogo ainda pode virar?

Biden lidera atualmente em 2 desses 6 Estados indefinidos: Nevada por 0,6 ponto percentual de diferença e no Arizona por 3 pontos percentuais. 

Trump lidera na Geórgia por 0,5 ponto percentual, na Carolina do Norte por 1,4 ponto percentual, na Pensilvânia por 3 pontos percentuais e no Alasca por 29 pontos percentuais. 

Pode virar para Biden...

Geórgia: Trump lidera com uma vantagem de 23 mil votos contra Biden, mas ela está caindo. Estima-se que faltem quase 100 mil a serem contados, e que a maioria seja democrata porque foi enviada pelo correio ou está em localidades com eleitorado mais pró-Biden. A margem de 0,5 ponto percentual (49,6% a 49,1%) chegou a ser de 10 pontos percentuais (55% a 45%) no meio da contagem. 

Pensilvânia: Trump lidera com uma vantagem de 165 mil votos contra Biden, mas ela está caindo ? essa diferença passava de 500 mil votos. Estima-se que faltem mais de 600 mil para serem contados, e que a maioria seja democrata porque foi enviada pelo correio. 

Pode virar para Trump...

Arizona: Biden lidera com uma vantagem de 68 mil votos contra Trump, mas ela está caindo. Estima-se que faltem quase 400 mil a serem contados, mas nesse caso a maioria pode ser republicana porque o eleitorado pró-Trump no Estado tem tradição de votar pelo correio. A disputa atualmente está 50,5% a 48,1%, mas já chegou a ser 55% a 45%) no meio da contagem.

Nevada: Biden lidera com uma vantagem de 7,6 mil votos contra Trump, mas ela está caindo. Estima-se que faltem menos de 200 mil votos a serem contados. A disputa atualmente está 49,3% a 48,7%, e segue apertada desde o início da apuração.

2. Batalha judicial

Outro caminho para definir a eleição americana pode ser a via judicial. Este seria o "cenário de pesadelo" que muitos políticos e analistas esperavam e temiam.

Ainda nas primeiras horas da quarta-feira (4/11), Trump se declarou vencedor da eleição e disse que iria à Suprema Corte para contestar o que ele chamou de "fraudes", sem qualquer evidência sobre essas acusações.

"Isso é uma fraude para o público americano. Isso é uma vergonha. Nós íamos vencer essas eleições... Francamente nós vencemos as eleições", afirmou Trump em discurso na Casa Branca, televisionado às 4h20 no horário de Brasília.

Trump defende paralisar a contagem dos votos e contesta principalmente as cédulas enviadas pelos correios. E essas várias batalhas judiciais podem atrasar ainda mais o resultado definitivo da eleição. 

A campanha de Trump já pediu a recontagem de votos no Estado do Wisconsin, algo permitido por uma lei estadual quando a margem entre os candidatos é menor que 1 ponto percentual. 

Em Michigan, os republicanos também contestam o resultado porque, segundo eles, uma equipe de observadores não obteve autorização para acompanhar a abertura das cédulas durante a contagem.

Há ações judiciais em curso também em outros Estados, a exemplo da Pensilvânia. E toda essa disputa pode chegar à Suprema Corte dos EUA, que tem sólida maioria conservadora. 

As declarações e a estratégia de Trump despertaram indignação mesmo entre aliados do presidente. 

Além disso, teme-se que a contestação do resultado eleitoral pelos republicanos descambe para cenas de violência nas ruas.

Um dos pontos de tensão está nos centros de contagem de votos. 

Apoiadores de Trump passaram a protestar em frente a esses lugares, e em Michigan pressionaram para entrar a fim de acompanhar a votação. De todo modo, havia ali dentro a presença de dezenas de observadores ligados a Trump. 

Vale registrar que nenhuma irregularidade na contagem foi reportada até o momento.


 

› FONTE: 24 Horas No Ar (24horasnoar.com.br)