Há mais de 100 dias sem chuva, fogo em MT é risco ao ecossistema de MS

Publicado em 03/09/2020 Editoria: Meio ambiente
Fumaça em incêndio de queimada no Pantanal. (Foto: Gustavo Figuêroa/SOS Pantanal)

Fumaça em incêndio de queimada no Pantanal. (Foto: Gustavo Figuêroa/SOS Pantanal)

 

Há mais de 100 dias sem chuva, fogo em MT é risco ao ecossistema de MS

Queimadas constantes no Pantanal de Mato Grosso trazem fumaça, mas também podem trazer fogo de lá para cá. Dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) indicam que a direção dos ventos estão influenciando na chegada de uma nuvem densa do estado vizinho – onde não chove há 105 dias - para o Pantanal em Mato Grosso do Sul.

Meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia em Brasília, Mamedes Luiz Mello, informa que os mapas revelam que a porção noroeste de MS está tomada por fumaça e que os ventos trazem o vapor do Pantanal de MT para cá.

Em todos os níveis da atmosfera – desde 5 a 12 Km de altura – as partículas provenientes dos incêndios de lá influenciam na qualidade do ar daqui, especificamente em Corumbá e Pantanal.

“A fumaça vinda de lá, pode aumentar a densidade da fumaça aí em Mato Grosso do Sul”, sustentou o meteorologista ao analisar os dados. A boa notícia é que a direção dos ventos devem mudar a partir de sábado, quando estima-se que a intensidade de vapor deverá ser dissipada rumo à Bolívia e ao Paraguai.

O risco nessa situação é maior quando se pensa no fogo, que também devido à direção do vento, pode chegar a MS. “O fogo, com esse vento que está, pode sim passar para o outro lado”, avalia, afirmando que não conhece a divisa dos estados para saber se na prática isso seria possível.

Ângelo Rabelo, do IHP (Instituto Homem Pantaneiro) afirma que o fogo pode facilmente passar de um estado para o outro através das fagulhas transportadas pelo vento e afirma inclusive, que parte do fogo enfrentado pelo vizinho MT foi levado de MS. “Parte do fogo que eles enfrentam agora se originou aqui”, afirma.

Ele afirma que o Pantanal em MS enfrenta o fogo intenso desde fevereiro e de lá para cá, a situação só piorou. “Já são 1 milhão de hectares devastados. O perigo agora é avançar pro outro lado, na Nhecolândia”, comentou.

A parte mais devastada do Pantanal em Mato Grosso do Sul é justamente na divisa com Mato Grosso, na região do Paiaguás, onde o limite é o Rio São Lourenço.

Já no Mato Grosso, segundo dados do ICV (Instituto Centro de Vida), entre os biomas do Estado, a Amazônia teve 37% de suas áreas tomadas pelo fogo, seguido do Pantanal, com 32%, e do Cerrado, com 31%.

O município com maior área afetada por incêndios foi Poconé com mais de 312 mil hectares atingidos e o correspondente a 18% de toda a área incendiada no Estado. O município é seguido de Barão de Melgaço e Cáceres.

Juntos, os três municípios localizados no bioma Pantanal respondem por 31% da área impactada pelo fogo no período analisado.

Chapada dos Guimarães – Também em Mato Grosso, a Chapada dos Guimarães, cartão postal da região e local de intensa visitação de turistas, está em chamas há pelo menos cinco dias. Dados locais indicam que o fogo já destruiu aproximadamente 5 mil hectares.

A área atingida fica em uma APA (Área de Proteção Ambiental) pertencente ao Governo do Estado e as chamas têm avançado rapidamente devido o vento e a vegetação, que está bastante seca. Sites locais informam que brigadistas tentam conter o incêndio, que está a 4 km do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães.

Segundo meteorologista do 9º Distrito Meteorológico do Inmet, Waldilson Almeida Fidelis, houve chuva ontem na região, mas incapaz de debelar o fogo. “Deu um chuva na Chapada, de 5 a 10 mm só. O fogo continua”, destaca, lembrando que há previsão de chuva para MT entre 7 e 15 de setembro, mas também fraca. “Chuva com alta intensidade só em outubro”, afirma.

› FONTE: 24 Horas No Ar (24horasnoar.com.br)