Kim Yo Jong, irmã de Kim Jong Un: líder norte-coreano desapareceu dos olhos do público em abril (Jorge Silva/Reuters)
Kim Yo Jong, irmã de Kim Jong Un: líder norte-coreano desapareceu dos olhos do público em abril (Jorge Silva/Reuters)
As notícias sobre uma possível morte de Kim Jong-Un, o líder da Coreia do Norte, são tudo, menos conclusivas.
É até natural que assim seja, num dos países mais fechados do planeta. Até agora não se sabe sequer se a Coreia do Norte tem casos confirmados do novo coronavírus — o país diz que não. Mas uma probabilidade ganha força entre analistas internacionais. Se Kim estiver mesmo fora de combate, sua provável sucessora deve ser sua irmã, Kim Yo Jong, com pouco mais de 30 anos de idade.
No início da semana passada, um veículo de imprensa da Coreia do Sul noticiou que Kim estaria se recuperando de uma cirurgia no coração, feita no dia 12 de abril. Dias depois, ele não apareceu em uma das mais importantes celebrações do país: o aniversário do fundador do regime, e avô de Kim, Kim Il-Sung, em 15 de abril. De lá pra cá, os rumores só fizeram crescer.
Neste domingo, a agência Reuters noticiou que um trem possivelmente de propriedade do regime foi visto perto de um resort norte-coreano.
Educada na Suíça, nos últimos anos Kim Yo Jong ganhou peso político ao participar ao lado do irmão de encontros com o presidente americano, Donald Trump, e com o chinês Xi Jinping, além de ter representado o país na abertura das Olimpíadas de Inverno, na Coreia do Sul, em 2018. Ela foi a primeira integrante da família que comanda a Coreia do Norte a visitar Seul.
A grande dúvida do momento é se o parentesco vai ser capaz de superar o machismo do país. “Cidadãos comuns poderiam resistir a uma liderança feminina”, disse Yoo Ho-yeol, professor de estudos norte-coreanos na Korea University, à agência Bloomberg.
Uma solução de fora da família, porém, tende a ser ainda mais revolucionária. Os Kim governam a Coreia do Norte desde a fundação do país, logo após Estados Unidos e União Soviética dividirem a província da Coreia em duas, após a Segunda Guerra. O Sul, como se sabe, floresceu para se tornar uma das economias mais desenvolvidas do planeta. E o Norte ficou para trás.
Kim Jong-Un assumiu o país com a morte do pai, em 2011, quando tinha menos de 30 anos de idade, segundo estimativas. De lá para cá, ganhou alguma legitimidade internacional com bem orquestrados teste de mísseis balísticos, aproximando-se, por exemplo, de Donald Trump. Internamente, consolidou o poder eliminando a iminência parda do regime, seu tio Jang Song Thaek, além de ser o principal suspeito de matar o meio-irmão Kim Jong Nam, numa cinematográfica emboscada com um produto químico num aeroporto na Malásia.
Há outros homens na linha de sucessão, como outro irmão mais jovem, Kim Jong Chol, e um sobrinho, Kim Han Sol, mas os dois não têm títulos políticos e nunca foram vistos envolvidos nas grandes questões nacionais. Kim Jong-Un tem três filhos, mas todos eles jovens demais para assumir o poder. E há outra possibilidade, apontada pela Bloomberg: o único filho vivo do fundador do país, Kim Il Sung, que retornou ao país ano passado após 40 anos de serviços no exterior.
Segundo relatório da consultoria política Eurasia, a irmã é de fato a mais provável sucessora — isso, claro, se Kim estiver mesmo morto. Segundo a Eurasia, a China tende a liderar uma necessária cooperação internacional para estabilizar o regime em caso de troca de comando. A Eurasia destaca que Pyongyang costuma ser ágil em eliminar especulações sobre seu líder, o que pode indicar que algo sério está de fato acontecendo.
Para a consultoria, uma possível transição tende a afetar a segurança e a geopolítica da Ásia por anos. Se o regime colapsar, diz a Eurasia, outros países podem intervir de alguma forma para evitar uma catástrofe humanitária e social. seria um cenário que pode ter, de um lado, China e Rússia e, de outro, Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos.
“Sempre há também a possibilidade de que um colapso na Coreia do Norte leve a China a se mover para controlar o país como um estado satélite e/ou que a Coreia do Sul busque uma reunificação”, diz a Eurasia.
Seria uma tremenda bagunça, como reconhece a consultoria. Caso venha a ser a escolhida, Kim Yo Jong assumiria um dos trabalhos mais difíceis do planeta.
› FONTE: 24 Horas No Ar (24horasnoar.com.br)