Diante de forte pressão internacional pelo estabelecimento de um cessar-fogo na Faixa de Gaza, Israel disse ter aceitado uma proposta de trégua apresentada pelo enviado dos Estados Unidos ao Oriente Médio, Steve Witkoff, anunciou nesta quinta (29) a Casa Branca. O aval ao plano já teria sido informado pelo premiê israelense, Binyamin Netanyahu, a famílias de reféns, segundo o jornal The Times of Israel.
A entrada em vigor de um novo cessar-fogo permanece incerta, entretanto. Logo após o anúncio feito pelo governo de Donald Trump, um dirigente do Hamas afirmou à agência de notícias AFP que a proposta, do jeito que está, não atende as exigências feitas pela facção. Em comunicado, o grupo terrorista se limitou a dizer que estuda o texto de "maneira responsável".
A nota divulgada pelo Hamas não fornece detalhes sobre os termos da proposta nem as demandas feitas pelo grupo. Ainda não parece haver, portanto, uma previsão para que a trégua seja de fato estabelecida.
"As discussões continuam e esperamos que haja um cessar-fogo para que possamos trazer todos os reféns de volta para casa", disse Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca, ao anunciar o posicionamento de Tel Aviv. Questionada se o Hamas havia aceitado a proposta, ela respondeu: "Não que eu saiba".
Ao jornal israelense Haaretz uma pessoa com conhecimento do assunto disse que o plano prevê a libertação de dez reféns vivos e a entrega de 18 corpos de vítimas em troca de um cessar-fogo de 60 dias em Gaza. Ainda segundo essa autoridade, o texto não inclui exigência para que Israel encerre os ataques e se retire do território, mas sugere que o "acordo poderia levar a um cessar-fogo de longo prazo na prática".
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Diversos países, incluindo aliados de Israel, pedem pelo estabelecimento de um novo cessar-fogo. A última ação do tipo começou em 19 de janeiro e durou quase dois meses. No dia 18 de março, porém, Israel rompeu a trégua e voltou a atacar Gaza após divergências com o Hamas sobre as fases seguintes do acerto. Ao menos 3.900 palestinos foram mortos desde então, segundo as autoridades de Gaza.
Egito e Qatar desempenham o papel de mediadores com o Hamas para tentar chegar a uma trégua que leve à liberação dos reféns. A facção desencadeou a guerra com os ataques terroristas de 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de 1.218 pessoas e o sequestro de outras 251, segundo as autoridades israelenses.
A ofensiva sobre Gaza já deixou mais de 54.200 palestinos mortos, segundo dados do Ministério da Saúde, controlado pelo Hamas.
O governo de Binyamin Netanyahu impôs um bloqueio total de 78 dias sobre a entrada de ajuda humanitária em Gaza, o que agravou a crise em um território já devastado. Após forte pressão, Israel afrouxou parcialmente o cerco, permitindo o ingresso de um pequeno fluxo de ajuda, considerado insuficiente para aplacar a crise humanitária, segundo a ONU.
Na terça-feira (27), ao menos 47 pessoas ficaram feridas durante uma distribuição de alimentos, em Rafah, organizada por uma entidade apoiada por Estados Unidos e Israel —a maioria, diz a ONU, teria sido atingida por disparos de soldados que Tel Aviv chamou de "tiros de advertência".
Um dia depois, duas pessoas morreram após "hordas de famintos" invadirem um armazém do Programa Mundial de Alimentos (PMA), das Nações Unidas, no centro de Gaza.
Fonte: www1.folha.uol.com.br
› FONTE: 24 Horas No Ar (24horasnoar.com.br)