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Crise do IOF: Lula e Haddad conversam, mas não se escutam, dizem aliados

Publicado em 28/05/2025 Editoria: Mato Grosso Do Sul sem comentários Comente! Imprimir


Crise do IOF: Lula e Haddad conversam, mas não se escutam, dizem aliados

 

Aliados do governo dizem que há um problema "mais profundo" nas crises geradas após comunicados do Ministério da Fazenda, como o caso do IOF(Imposto sobre Operações Financeiras): o presidente Lula (PT) e o ministro Fernando Haddad conversam, mas não se ouvem.

O que aconteceu

Medidas como esta são sempre (ou quase sempre) debatidas no gabinete de Lula. Haddad, que teve de voltar atrás horas depois, não esconde isso e interlocutores do Planalto confirmam que o presidente recebeu a equipe econômica antes do aviso.

O problema é que os dois estão olhando para caminhos opostos, dizem auxiliares. O presidente, por mais que ouça e chancele as escolhas do ministro, muitas vezes o faz com fins diferentes dos propostos pela Fazenda.

O principal exemplo é o estímulo à economia, apontam. Enquanto Haddad busca trabalhar com o Banco Central pela queda da inflação, o presidente tenta manter os compromissos sociais firmados na campanha, estimulando crédito e resistindo a cortar investimentos.

Quem disse que não?

A cobrança de IOF em transferências para investimentos de fundos no exterior caiu como uma bomba entre investidores. Anunciada na tarde de quinta, a decisão fez com que a Bolsa fechasse em queda e que fosse publicada uma correção, mantendo zerado o imposto sobre estas aplicações, antes da abertura dos mercados no dia seguinte.

Pegou mal para o governo. A oposição se armou a criticar o vaivém, nomeando-o de despreparo, economistas questionaram a medida e o retorno criou uma nova charada a responder: de onde vão tirar a compensação? Haddad prometeu responder até o fim da semana.

No Planalto, aliados dizem que Lula não gostou da confusão. Como mostrou a Folha de S. Paulo, ficou o entendimento de que o impacto não foi devidamente detalhado, com menos de 24 horas para a Casa Civil apreciar a proposta, e que poderia ter sido mais claro.

Na Fazenda, reclamam que as explicações são técnicas, mas que as broncas vêm só após as reações públicas (da população ou do mercado).Eles lembram o caso dos imposto sobre compras internacionais ("as blusinhas da Shoppee") e ponderam que a medida seria só mais uma tentativa de tentar resolver a arrecadação em meio às resistências do presidente sobre o assunto.

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Essa discordância é o cerne das crises, apontam aliados. Em suas falas e decisões, Haddad tem procurado mostrar e garantir o comprometimento com o controle fiscal, com a busca pelo déficit zero e com o arcabouço, proposto por ele e defendido por Lula (pelo menos publicamente). De forma sutil, o objetivo do ministro é dar uma esfriada na economia, mirando no controle da inflação e na consequente queda da taxa de juros pelo BC.

O presidente, por sua vez, segue o compromisso com os investimentos e estímulo ao consumo. Só nos últimos meses, o governo anunciou o programa de crédito consignado, o reajuste dos valores máximos de financiamento do Minha Casa, Minha Vida e a isenção da conta de luz para 60 milhões de pessoas, além do novo vale-gás, a ser revelado em breve, mas que deverá impactar outros 20 milhões de brasileiros.

Embora defenda sempre seu ministro, pupilo assumido, Lula não esconde que seguirá por este caminho. Em eventos e discursos, costuma repetir que é por meio do consumo "dos mais pobres" que a economia gira, pois "quando o pobre compra mais, a indústria contrata mais e a roda gira" —uma plataforma que estruturou seus primeiros mandatos. 

Essa diferença de caminhos aponta para um debate dentro do governo e do PT. Ao UOL, os poucos defensores de Haddad no partido dizem que o ministro sabe "disso tudo" e faz "como pode", ao passo que governistas mais fervorosos apontam que é por meio desses anúncios que Lula trilha o caminho para a reeleição no ano que vem. Para eles, sem o investimento social, o quadro do presidente, que já não é dos mais folgados, fica ainda mais complicado.

Fonte: noticias.uol.com.br

› FONTE: 24 Horas No Ar (24horasnoar.com.br)


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