Empenhado em aprovar o projeto da anistia aos condenados pelo 8 de janeiro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) adotou o pragmatismo político e superou sua desconfiança em relação a Gilberto Kassab. Bolsonaro, que a aliados não esconde suas divergências (e até irritação) com Kassab, foi pedir apoio à proposta ao presidente do PSD.
A conversa ocorreu a sós na ala residencial do Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. De acordo com aliados de Bolsonaro, Kassab se mostrou receptivo à anistia. O encontro foi realizado em segredo. A informação foi publicada pelo blog do jornalista Gerson Camarotti e confirmada pela coluna.
A reunião aconteceu em 5 de fevereiro, data em que o ex-presidente estava hospedado na ala residencial do Palácio dos Bandeirantes, residência oficial do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). O ex-presidente tinha viajado a São Paulo para participar do velório da bispa Keila Ferreira.
Não é novidade Bolsonaro ficar no Palácio dos Bandeirantes em suas idas a São Paulo. Isso ocorre desde que Tarcísio tomou posse. Mas é a primeira vez que o ex-presidente aproveita a visita para se encontrar com Kassab —eles não têm boa relação. O ex-presidente é bastante desconfiado sobre as posições do comandante do PSD. Kassab é um político com um pé na canoa da direita e o outro na canoa da esquerda. Ele é secretário de Governo de Tarcísio e, ao mesmo tempo, o PSD tem três ministérios no governo Lula, dois com bastante relevância: Minas e Energia e Agricultura. Bolsonaristas elegeram o projeto de anistia como a prioridade do ano. Foram várias movimentações nesta semana. Ontem, o ex-presidente se encontrou com representantes da OEA (Organização dos Estados Americanos) e relatou sua interpretação a respeito da postura do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. Antes, deputados convocaram uma coletiva para pedir anistia. Eles levaram a mulher de um preso do 8 de Janeiro e seus seis filhos. Ela discursou com um bebê no colo e relatou as dificuldades em criar os filhos sozinha. Os parlamentares da direita não disseram, no entanto, que o homem foi preso depredando o Palácio do Planalto. Beneficiado com liberdade provisória, desapareceu quando saiu a ordem de prisão para cumprir uma sentença de 14 anos. Os bolsonaristas estão otimistas com a anistia por causa de declarações do novo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que afirmou não ter havido golpe, mas vandalismo. Outra afirmação de Motta é que a pena imposta pela Lei da Ficha Limpa é muito alta. Hoje, um político enquadrado perde o direito de se candidatar por oito anos. O deputado Bibo Nunes (PL-RS), conhecido bolsonarista raiz, apresentou um projeto para reduzir a pena para dois anos, o que beneficiaria Bolsonaro, hoje inelegível até 2030. O discurso do Palácio do Planalto é que ainda é cedo para tirar conclusão sobre os rumos que Motta dará aos projetos da direita. A postura é a mesma de caciques do PT na Câmara. Mas deputados menos influentes da esquerda já fazem críticas. Chico Alencar (PSOL-RS) disse ao UOL que Motta tem histórico de direita, apoiou a tentativa de reeleição de Bolsonaro e começa a mostrar que fará uma gestão de direita.
Pressão por anistia
Fonte: noticias.uol.com.br
› FONTE: 24 Horas No Ar (24horasnoar.com.br)