O início da disputa do segundo turno em São Paulo mostra o prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, com 55%. Seu rival, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), marca 33% na corrida pelo comando da maior cidade do país.
Foi o que aferiu o Datafolha na primeira rodada de levantamentos do tira-teima da até aqui campanha mais acirrada da história da redemocratização na capital.
Após alternarem várias vezes a liderança, Nunes acabou o primeiro turno com 29,5% dos votos válidos, ante 29,1% de Boulos e 28,1%, de Pablo Marçal(PRTB). Ao fim, o prefeito superou o psolista por meros 25.012 votos, e este ficou apenas 56.880 eleitores à frente do influenciador.
Voto válido exclui branco e nulo, e é a métrica da Justiça Eleitoral para proclamar resultado final. Mas agora é importante recolocar na balança não só os item dispensados, mas também os indecisos, até para ver o estrago feito pelo polêmico fenômeno Marçal no cenário paulistano.
Disseram votar em branco ou nulo 10% dos 1.204 ouvidos da terça (8) a esta quinta (10). Já 2% se mostram indecisos.
Na primeira rodada, influenciador roubou voto dos apoiadores de Jair Bolsonaro(PL), apesar do apoio formal ainda que recalcitrante do ex-presidente a Nunes. De todo modo, o prefeito é o desaguadouro da maioria dos votos dado a Marçal: 84% dos que disseram votar nele agora vão com o emedebista.
Como seria previsível, Boulos herda só 4% desses votos e 50% de quem apoiou Tabata Amaral (PSB), a deputada que ficou com 9,9% dos válidos no primeiro turno. Desses, Nunes abocanha 33%.
A fotografia é pior para o psolista em relação àquela captada antes do primeiro turno, quando a simulação do Datafolha mostrava um embate entre Nunes e Boulos com 52% para o prefeito e 37%, para o deputado, com 10% de brancos e nulos e 1%, de indecisos.
A distância é grande, mas cabe lembrar que em segundo turno, cada voto tirado de um lado tende a ir para o outro, a reduzindo de forma grosseira quase à metade.
Marçal segue como protagonista na disputa, ainda que exógeno a ela e tendo de enfrentar as consequências de sua tática agressiva, que lhe rendeu uma cadeirada ao vivo de José Luiz Datena (PSDB) em debate e a ameaça real de inelegibilidade, por ter divulgado um laudo falso de uso de drogas por Boulos.
Temendo contaminação pela rejeição altíssima de Marçal, acima dos 50%, Nunes rejeitou seu apoio formal. O impacto que o influenciador teve no campo bolsonarista virou motivo para cobrança de aliados de Bolsonaro, como o pastor Silas Malafaia, acerca de sua inapetência de envolver-se na disputa paulistana por temer abraçar um derrotado.
Com Nunes no páreo, o ex-presidente agora diz que irá, a exemplo do que fez antes o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), seu protegido, participar da campanha de fato.
Já Boulos aposta nisso para tentar apostar na dicotomia entre Bolsonaro e o presidente Lula (PT), que lhe apadrinhou. A estratégia, contudo, pode estimular o antipetismo, que é forte em São Paulo como os 2/3 de votos para o campo oposto provaram no primeiro tuno.
Nunes tem em seu favor no segundo turno, que costuma ser definido por marqueteiros no Brasil como um concurso que elege o menos rejeitado, o fato de só ter 37% que dizem não votar nele. Já Boulos marca expressivos 58%.
Na pesquisa espontânea, um indicador usualmente mais importante no primeiro turno porque agora em tese está cristalizado o cenário eleitoral, os indecisos somam 12%. Nunes tem 41% de citações, ante 29% de Boulos. Brancos e nulos somam 10%.
Nos cálculos entra também a questão da abstenção, que no primeiro turno ficou inalterada ante o resultado de 2020, na casa dos 27%. Parece difícil, a essa altura, uma competição agora envolvendo candidatos "normais", em oposição a Marçal, mudar a disposição do eleitor de sair de casa.
A decisão de voto é grande: 85% dizem estar certos do que escolheram, índices iguais entre os rivais. Para 62% dos ouvidos, seu candidato é escolhido por ser melhor, ante 29% que optaram por ele para derrotar o outro —este último índice é maior entre quem vota Nunes (34%) do que Boulos (19%).
Outro indicador da fidelidade do eleitorado do psolista é que 56% de quem diz votar no deputado o faz porque o acha ideal, ante 31% dos que declaram apoio a Nunes. No cômputo geral, acham sua opção ideal 40%, ante 59% que dizem ter escolhido o menos pior.
Em 2020, o primeiro de segundo turno aferido trazia o mesmo Boulos com 35%, ante 48% do então prefeito Bruno Covas (PSDB), cuja morte legou a Nunes, seu vice, a cadeira. Ao fim, o tucano venceu o psolista por 59,4% a 40,6% dos válidos.
No mais, o perfil do eleitorado segue semelhante ao aferido na disputa encerrada em 6 de outubro. O prefeito lidera em todos os segmentos socioeconômicos pesquisados, tendo vantagem menor entre os 23% mais ricos (52% a 41% para Nunes) e os 19% menos escolarizados (52% a 38%), ressalvando que em ambos os grupos a margem de erro é de seis pontos.
A pesquisa foi contratada pela Folha e pela TV Globo, e registrada com o código SP-04306/2024 no Tribunal Superior Eleitoral. Ela não é uma predição de futuro: levantamentos servem para mostrar o momento do eleitorado e apontar tendências, o que poderá ser visto ao longo das próximas duas semanas.
Fonte: www1.folha.uol.com.br
› FONTE: 24 Horas No Ar (24horasnoar.com.br)