O presidente Jair Bolsonaro nunca imaginou que conseguirá arrancar do Senado o impeachment de Alexandre de Moraes. Ele entrou com ação contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) apenas com um objetivo: constranger e pressionar Moraes a se declarar impedido para comandar as eleições presidenciais de 2022.
O atual vice-presidente do TSE, Edson Fachin, assume comando da corte em fevereiro de 2022, mas fica no cargo só até agosto. O critério de sucessão é a data da posse como membro do TSE. Segue, portanto, a ordem que cada ministro assumiu no STF.
Assim, o presidente do tribunal após Fachin será o ministro Alexandre de Moraes. Como caberá a ele presidir as eleições de 2022, Bolsonaro resolveu investir tudo em fazê-lo sentir-se incomodado em presidir uma eleição em que um dos principais candidatos seja seu inimigo pessoal.
Daí porque interessa tanto ao presidente da República apostar nessa contenda contra o ministro. Quer mesmo se transformar num inimigo pessoal.
Caso o ministro não se declare impedido de comandar a eleição em 2022, Bolsonaro tem dito a auxiliares que já criou condições de, pelo menos, levar o assunto à pauta do plenário do STF, ou do próprio TSE.
O seja, o presidente da República conseguiu estabelecer mais um tema polêmico para as eleições do ano que vem. Junto com a discussão sobre o voto impresso, ele terá criado o caldo de cultura para tumultuar o pleito mais ainda, oferecendo argumentos para seus seguidores poderem dizer que as eleições não valeram.
Os bolsonaristas dirão que o voto não pode ser auditável e, além do mais, como verdadeiras torcidas de futebol: "o juiz é ladrão!"